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Gestão de Riscos - O cuidado nosso de todos os dias

Gestão de Riscos - O cuidado nosso de todos os dias

Eu tenho uma experiência de alguns anos lidando com Sistemas de Gestão, e já vi muita coisa nesse período. Toda esta bagagem está longe de conferir a mim uma sabedoria inquestionável, mas me permite discutir com segurança quaisquer conceitos relativos à gestão de riscos, um tema tão recorrente quanto importante na gestão empresarial. Apesar disso, posso dizer que nos últimos dois anos eu passei por um treinamento prático intensivo de gerenciamento de risco, em que o que estava em jogo era muito mais do que uma multa de um órgão ambiental ou a perda de um cliente.

 

Há aproximadamente dois anos e meio meu filho nasceu, e desde então a minha vida nunca mais foi a mesma. Além das noites mal dormidas e da necessidade de atenção constante, que são exaustivas, mas fartamente recompensadas pela farra interminável, o gerenciamento do risco se tornou para mim um exercício contínuo.

 

Além de ter redecorado a casa inteira colocando grades, telas de proteção e portinholas nos pés e nos topos das escadas, passaram a figurar em todos os cômodos da casa almofadas, tapetes e outros "amaciadores" de queda. A cadeirinha do carro possui diversos dispositivos de segurança, assim como o cadeirão para fazer as refeições. As mamadeiras e chupetas eram, até os seis meses de idade, constantemente esterilizadas, e a água usada para fazer o leite era mineral (fiquei sabendo que alguns pais usam água mineral até para dar banho em seus filhos). Até hoje as espinhas são minuciosamente extraídas dos peixes antes de oferecê-los a ele, e as azeitonas descaroçadas.

 

Todos estes cuidados (além de muitos outros) foram, e em parte ainda são, necessários para reduzir o risco de acidentes ou doenças, pois ainda não fomos capazes de alterar o comportamento "kamikaze" tão peculiar a um menino saudável de dois anos e meio.

 

Os riscos que se manifestam por toda parte também afligem as empresas, que criaram diversos mecanismos e estratégias para gerenciar os seus riscos, todas elas com a intenção básica de identificar estes riscos, avaliá-los, priorizar aqueles podem causar mais danos e estabelecer controles para impedir que estes riscos se manifestem na forma de eventos danosos ou para minimizar as suas consequências. Os impactos destes riscos podem afetar diversas partes interessadas, tais como clientes, fornecedores, comunidades, funcionários, organismos governamentais, acionistas, entidades de classe etc, mas independente da sua natureza, todos os riscos devem ser conhecidos e gerenciados.

 

Um dos princípios da gestão do risco é separar os toleráveis dos intoleráveis, e tratar aqueles que não podem ser aceitos. Os riscos considerados toleráveis são mantidos sob vigilância, mas não há ações adicionais a serem tomadas. Já os considerados intoleráveis devem receber uma atenção especial através de planos de ação, investimento e elaboração de planos de resposta em caso de emergência. Raramente é possível eliminar completamente um risco, o que sobra é o chamado Risco Residual, aquele que resta quando todas as ações viáveis foram tomadas. O Risco Residual é aquele que o gestor decide correr, pois já não há ações viáveis, tanto do ponto de vista prático quanto do ponto de vista econômico. São situações em que, por exemplo, o investimento é alto demais e não justifica uma pequena redução do risco. É nestes casos que o "seguro" cumpre o seu papel, atuando nas medidas remediadoras dos danos eventualmente causados. Voltando à nossa analogia, como não é possível enrolar um garoto em um plástico bolha, o que nos resta é ter um kit de primeiros socorros em um local de fácil acesso e um bom plano de saúde.

 

O risco é parte fundamental das nossas vidas particulares e corporativas. Ele é o preço justo pela evolução. Ficar parado é mais seguro, mas dar um passo adiante implica em correr certos riscos. E também é parte do aprendizado experimentar os efeitos dos riscos que corremos, quando estes efeitos são toleráveis, pois o aprendizado empírico também possui grande valor. É claro que não é preciso por a mão no fogo para saber que ele queima, mas algumas quedas ajudam a identificar os próprios limites e a criar um nível saudável de medo. Até o medo deve ocorrer com equilíbrio, pois o seu excesso também nos impede de seguir em frente. Franklin D. Roosevelt disse que "a única coisa que devemos temer é o próprio medo", e ao que tudo indica que esse princípio é amplamente apoiado por nossas crianças, que parecem não temer absolutamente nada.

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