As Simulações de Emergência constituem um método fundamental de avaliação e teste da capacidade das organizações reagirem a situações inesperadas. Esta importância é realçada pelo fato de que normalmente não há tempo para preparação nos instantes que antecedem a uma ocorrência indesejável. Sejam ocorrências ambientais, resgates de pessoas acidentadas, invasão de banco de dados, greves de funcionários, interrupções de rotas de escoamento de matéria-prima ou qualquer outro tipo de sinistro, nem sempre as situações de emergência emitem aviso prévio, e estar preparado para reagir rápida e eficazmente é essencial para a redução dos danos e breve recuperação.
É muito comum que as empresas utilizem a parte prática do treinamento de resposta a emergências como simulado para uma ocorrência real. Não há nada de errado nisso, pelo contrário, espera-se que o treinamento represente tão fidedignamente quanto seja possível a realidade dos riscos.
No entanto, este tipo de exercício não é capaz de simular todas as variáveis de um processo de resposta a emergência. Uma influência muito importante neste processo é a capacidade que as pessoas envolvidas no atendimento à situação de emergência têm de lidar com uma situação crítica e inesperada. A única forma de verificar se a equipe está preparada realmente para este evento é realizar a simulação sem que todos saibam que se trata de um simulado. É o que chamamos de “simulado cego”, ou seja, apenas os coordenadores do exercício e a alta direção da empresa, além de algumas poucas pessoas-chave, sabem que se trata de uma simulação. Desta forma será possível testar a reação da equipe e verificar se todos estão emocionalmente aptos a lidar com o evento. É nesse momento que descobrimos que alguns líderes de brigada possuem claustrofobia, ou que o motorista da ambulância dirige perigosamente quando está sob pressão, ou ainda que a auxiliar de enfermagem desmaia quando vê sangue (estes três fatos são verídicos!)…
As normas de referência e requisitos para sistemas de gestão, embora estabelecem a necessidade de “exercícios” ou “testes”, não determinam como estas simulações devem ocorrer. Esta condição é, pelo mesmo motivo, positiva e negativa. A liberdade que permite ao gestor escolher a forma de realizar os seus testes, também o deixa sem referência para realizar um bom simulado. Sendo assim, convém que os gestores do processo de resposta a emergência estabeleçam um mix entre os simulados previamente comunicados e os simulados cegos, a fim de varrer todas as variáveis que podem fazer da resposta à emergência um desastre ainda maior do que o evento em si.
Indepentemente do cenário, todo processo de resposta a emergência possui um componente emocional muito relevante, e “combinar” todos simulados não permite que este componente seja avaliado. Pense nisso na próxima vez que for planejar o calendário de simulações de emergências da sua organização.