Os empreendimentos ferroviários são sempre cercados de muita expectativa, seja por parte dos empresários e investidores, que anseiam pelo retorno do seu investimento, seja por parte da população e das comunidades que vivem no entorno do empreendimento, seja por parte dos órgãos governamentais que fiscalizam e recolhem os benefícios políticos do sucesso do investimento, seja de ambientalistas atentos aos eventuais impactos que tais operações podem causar. Diante de tantas partes interessadas no sucesso e nas precauções tomadas neste tipo de negócio, é essencial gerenciar os riscos desde o seu início.
Abaixo seguem alguns estudos (apenas os principais) normalmente aplicáveis a este tipo de empreendimento.
Análises Ambientais
Algumas providências são tomadas considerando o viés ambiental, desde a concepção do empreendimento até a sua operação. Os principais estudos de risco ambiental são o EIA / RIMA (Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto ao Meio Ambiente), o EAR (Estudo e Análise de Risco), a APR (Análise Preliminar de Risco, quantitativa), a AQR (Análise Quantitativa de Risco, caso a empresa transporte alguns tipos de produtos perigosos), e as Análises de Vulnerabilidade e Sensibilidade.
Um dos aspectos que afetam esta análise é o tipo de região que a via férrea cruza. Áreas de preservação, parques, reservas (os chamados "green field") e as áreas já antropizadas ou de baixo interesse ecológico (os chamados "brown field").
Análises Sócio-Ambientais
As ferrovias normalmente abrangem vastas regiões, cruzando diversas cidades, províncias e, em alguns casos, diversos países. Em todos os casos, invariavelmente a ferrovia (tanto o empreendimento quanto a operação) afetará a rotina de quem vive ao seu redor. A maioria dos processos de licenciamento exige o EIA / RIMA, que considera os aspectos sociais da região. Adicionalmente recomenda-se que seja realizado um Plano de Mobilidade, que tem a intenção de identificar a influência da ferrovia na mobilidade das pessoas. Neste estudo são identificados aspectos como a necessidade de passagens de nível, muros, cercas, passarelas, viadutos e outras obras de arte.
Esta análise é especialmente importante quando a via férrea cruza áreas urbanizadas, onde a interação entre o homem e o trem é simbiótica, ou seja, quando a população depende da ferrovia para a sua subsistência.
Riscos Operacionais
De maneira inversa ao Plano de Mobilidade, o Plano de Operabilidade tem a intenção de avaliar de que maneira as comunidades que habitam as cercanias da ferrovia afetam a sua operação. Este estudo poderá levar à conclusão de que é necessário reassentar famílias, criar alternativas de habitação.
Além destas, aplicam-se todas as demais ferramentas de gestão de risco normalmente pertinentes a qualquer empreendimento, tais como Aspectos e Impactos, Perigos e Danos, HAZOP, Bow-Tie etc. Em todos os casos é necessário verificar a aplicabilidade das ferramentas, pois apesar de serem muito eficientes, a sua combinação correta trará os melhores benefícios.
Os riscos financeiros devem ser obviamente gerenciados em qualquer empreendimento, mas estes não são objeto deste curto artigo.
Tem informações a acrescentar? Conhece outras ferramentas que se aplicam a este tipo de empreendimento? Vamos aprofundar a discussão.